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segunda-feira, 14 de maio de 2012

(É tudo) Uma questão de identidade


(É tudo) Uma questão de identidade

Um em cada 37 mil homens e uma em cada 108 mil mulheres são transsexuais
símbolo da transsexualidade

Estudada há mais de um século, por vários especialistas, e sobretudo por Harry Benjamin, à transsexualidade pode também ser dado o nome de Síndrome de Harry Benjamin.
Benjamin foi quem definiu as primeiras regras para diagnosticas esta situação clínica, ou mais propriamente a doença da transsexualidade. E é na organização internacional Harry Benjamin Associationque mais recentemente deu origem à WPATH (World Professional Association for Transgender Health), que todos os anos, médicos, psicólogos, juristas, sociólogos, desenvolvem e actualizam essas regras e contribuem não só para todo o diagnóstico e tratamento, mas também para o apoio legal e social dos transsexuais.
Identidade de género diferente
Transsexualidade, Transsexualismo, Síndrome de Harry Benjamin, Disforia de Género e Transtorno de Identidade de Género são as expressões utilizadas para se falar da mesma doença, doença essa que se trata da condição na qual o indivíduo se identifica psicologicamente como sendo do género oposto ao seu biológico, e sente inconveniência em relação às próprias características.
A transsexualidade propriamente dita refere-se à condição do indivíduo que possui uma identidade de género diferente da designada no nascimento, tento o desejo de viver e ser aceite como se fosse do sexo oposto.
Os seres humanos transsexuais apresentam por vezes uma sensação de desconforto emocional e psicológico, e por isso desejam fazer uma transição de sexo, isto é, mudar o seu sexo para o sexo oposto, chama-se a isto o acto de “transitar”.
Tendo em atenção que para uma pessoa ser considerada transsexual, não deve ser através de sintomas de transtorno mental, tal como a esquizofrenia, nem ter qualquer anormalidade intersexual, genética ou do cromossomo sexual.
Transsexualidade a dois sexos
A transsexualidade é possível quer em homens quer em mulheres. Um transsexual female-to-      male (homem transsexual) é alguém que sente que o seu género é masculino, embora tenha nascido   num corpo feminino e contenha todas as partes do corpo feminino. Um transsexual male-to-    female é uma pessoa que sente que o seu género é feminino, mas nasceu num corpo masculino.

Psicológica e mental
Enquanto que na homossexualidade não existe uma necessidade de readaptação corporal, visto que a única coisa fora da norma são os sentimentos e estes não são um factor condicionante a nível físico, na transexualidade existe uma necessidade de fazer uma readaptação corporal, ou seja a transexualidade não é algo com que se possa viver em plenitude sem que haja uma reconstrução corporal.
O transsexualismo é considerado uma doença psicológica e mental, chegando a ser necessário dois anos para se fazer um diagnóstico apropriado.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, de publicação periódica da Associação Psiquiátrica Americana, há quatro critérios possíveis para o diagnóstico desta doença:
  1. Uma forte e persistente identificação com o género oposto
  2. Desconforto persistente com o seu sexo ou sentimento de inadequação no papel de género deste sexo
  3. A perturbação não é concomitante a uma condição intersexual física
  4. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo
Enquanto numa criança, a perturbação pode ser vista através de cinco parâmetros: se declarou repentinamente o desejo de ser ou, insistência de que é do sexo oposto; se começaram a utilizar ou a preferir roupas do sexo oposto; se começou a haver brincadeiras mais provenientes do sexo oposto; se há uma preferência por companheiros do mesmo sexo e por fim, se começam a estranhar o próprio corpo, ou factos inerentes ao próprio corpo, como por exemplo nas meninas o facto de urinar sentada.
Num adulto, são verificados quatro critérios básicos para se ver em que ponto está a evolução desta doença: desejo de viver e ser aceite como membro do sexo oposto, normalmente acompanhado pelo desejo de fazer com que o corpo seja o mais congruente possível com o sexo preferido, através de cirurgia e tratamento hormonal; se o desejo já esteve presente persistentemente por pelo menos dois anos; se há preocupação em ver-se livre de características sexuais primárias ou secundárias do próprio corpo e por fim, se o transtorno não é sintoma de nenhum transtorno mental ou anormalidade cromossómica.
Etapas de certezas
A transsexualidade não é só um problema de identidade de género, pois com ela acarreta transtornos frequentes na área da neurótica.
A depressão, por exemplo, é uma complicação frequente entre os transsexuais, uma vez que estes são pacientes com grandes desgostos psicológicos devido à contradição que sentem entre a sua mente e o seu corpo. Por isso, em muitos casos é preciso, em primeiro lugar, fazer um tratamento psicoterapêutico ou psicofarmacológico.
Em relação ao tratamento da transsexualidade em si, há duas hipóteses, ou a terapia hormonal ou a cirurgia de transformação.
No entanto, antes de pensar na cirurgia é necessário que o indivíduo esteja consciente da sua escolha, porque esta é para toda a vida, e por isso existem algumas etapas, para conceder tempo suficiente, para saber se o transsexual não vai alterar o modo de pensar antes de se submeter a um procedimento irreversível.
Numa primeira fase o transsexual deve realizar uma aprendizagem de comportamentos, falas, maneiras de estar, e muitos outros aspectos que diferem um homem de uma mulher.
Numa segunda fase há a administração de estrógeneos aos pacientes masculinos, para que estes fiquem mais efeminados, ou seja, com feições femininas, pele mais macia, diminuição no crescimento dos pelos, entre outros. E quanto às pacientes femininas, a estas é administrada testosterona, para que fiquem com um maior peso corporal, estimula também o crescimento do pelo, modifica o tom de voz para mais grave, entre outros.
É assim necessário esperar um período de dois anos, para se saber se os transsexuais estão prontos para a cirurgia. E durante esse período há que reforçar o travestismo, modelar comportamentos, e seguir com a terapia hormonal.
“Transitar” de sexo
A mudança de sexo é algo que é possível do feminino para o masculino, bem como do masculino para o feminino. No entanto exigem técnicas e cirurgias diferentes.
Quando se trata da mudança de feminino para masculino é necessário fazer uma mastectomia. Esta cirurgia é rápida, cerca de 1 hora
e 30 minutos, no entanto tudo varia consoante o tamanho das mamas a retirar, e é feita sempre com anestesia geral. É também   necessário fazer-se umahisterectomia. De seguida, e agora já na criação da parte masculina, é necessário fazer-se uma metoidoplastia, que consiste na formação de um pequeno pénis com os tecidos do clitóris e dos pequenos lábios, ou então umafaloplastia, que consiste na formação de um pénis, com mais tecidos, para além dos utilizados na metoidoplastia, e assim criar um pénis com o tamanho “normal”, e a formação de um escroto com os grandes lábios da vagina, esta é das cirurgias que requer mais cuidado, no entanto, não é de todo impossível.
Para finalizar a transformação de sexo, falta a cirurgia de colocação de próteses testiculares.
No final de todas as cirurgias, é necessário que o paciente tenha em conta todas as indicações recomendadas pelo médico para que não tenha de haver, correcção de cicatrizes ou correcções nos tamanhos.
Quando se fala na mudança de sexo, ao contrário da já falada, consiste na transformação do masculino para o feminino. Aqui, há umaconstrução mamária, para que o corpo masculino ganhe a definição dos peitos que o corpo feminino contém. Há também umatransformação genital, em que o objectivo é obter uma genitália o mais semelhante possível com o de uma mulher biológica, e para isso é necessário aproveitar todos os tecidos do género masculino, para construir os vários componentes de uma vagina normal. Nem sempre é preciso, mas há uma intervenção que pode ser complementar, quando se trata de retirar/diminuir a “maçã de Adão”, esta trata-se de umarinoplastia ou mentoplastia.
As cirurgias de mudança de sexo do masculino para o feminino são mais demoradas que as contrárias.
Após a mudança de masculino para feminino, durante os dois primeiros meses é obrigatório a utilização de moldes semi-rígidos para evitar retracções, para que haja uma boa cicatrização.
Diferentes Transsexuais
Dentro da doença do transsexualismo, há dois tipos possíveis: os transsexuais primários e os transsexuais secundários.
Os transsexuais primários são aqueles “de toda a vida” e os quais apresentam profundas alterações no núcleo da sua identidade sexual. Isto é, este tipo possui já desde a infância uma atracção de vestir as roupas do sexo oposto, sem haver qualquer excitação por as levar vestidas. Afirmando-se assim que é o transsexual puro e estrito.
Os transsexuais secundários são aqueles que apresentam uma história de vida  bastante confusa em relação à sua identidade sexual, podendo inclinar-se para  o travestismo fetichista ou instalar-se nahomossexualidade  efeminada/homossexualidade amasculinada. Este tipo não é, de longe, um  transsexual em sentido puro.
Uma parte dos transsexuais considerados secundários acaba por pedir a mudança de  sexo. Quando no caso dos homossexuais efeminados os desejos da mudança de sexo  deve-se ao facto de se quererem tornar mais atraentes para os homens. No caso dos  transsexuais fetichistas, os desejos da mudança do corpo são levados avante quando  eles pretendem aumentar a sua excitação, tornando-se mulher. Neste caso, é um desejo que não se mantêm muito tempo, pois a sua identidade sexual é masculina.
Para além da tipologia já descrita, há outra que se baseia na orientação sexual, e já fora do mundo da transsexualidade. Portanto, há assim os transsexuais, os assexuais, que são aqueles que não praticam actividade sexual ou então têm um prazer limitado da prática sexual genital, os homossexuais, sentem-se atraídos pelo mesmo sexo e os heterossexuais, são aqueles que têm excitação pelo sexo oposto.


Mais um trabalho jornalístico (notícia especializada em saúde) que fiz para uma cadeira de mestrado. 
Escolhi o tema saúde, nesta cadeira, porque se formos a ver a saúde é aquele tema que toca a todos, nem que seja pela curiosidade, tal e qual como aconteceu comigo. 
Nem se quer sabia que Transsexualidade era considerada doença ;)  Espero que também contribua um bocadinho para a vossa cultura geral ;) 

5 comentários:

  1. É importante que as pessoas tenham estas noções porque há pessoas que se recriminam e odeia, tem baixa autoestima porque se sentem diferentes dos outros e ninguém lhes diz que se pode ser diferente...
    Gostei muito rita :)
    Depois obrigada pelo teu coment até corei hahahahahah :)
    Beijinhos ♥

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  2. Linda tens um desafio lá no blog ***

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  3. Mais um óptimo trabalho Rita, gostei de ler :) *

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  4. Parabéns pelo trabalho Rita :)
    Também não sabia que a transsexualidade era considerada doença...

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  5. Brilhante . Muito bom ! :)

    Beijo ,
    Ana Catalarrana
    ---------------------
    http://SinBowtie.blogspot.com

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Obrigada pela visita! ;)