1 ano!

Faz hoje exactamente um ano que a Capital passou a ser a cidade que me acolhe.

De dia para dia vou aprendendo a gostar dela.
Apesar de todas as manias, trânsitos, perigos, chatices, buzinadelas, caminhos longos, começa cada vez mais a tornar-se a cidade a que chamo de "minha".

Recordo este dia como se fosse ontem. Vieram os meus pais, a minha irmã e o meu namorado deixar-me cá.. num quarto desconhecido, numa cidade que conhecia apenas de "vista" e de visita, e que odiava profundamente por estar a 300 km da minha verdadeira cidade.

Vir para cá iria ajudar-me a crescer.. quer nos estudos, quer a nível profissional/trabalho, quer a nível pessoa, mas ia destruir-me...

Chorei como a Maria Madalena em noite de lua cheia.. tanto que acho que andei os dois dias que se seguiram de papos inchados e vermelhos.
Pensava eu que naquele dia ia ficar sem lágrimas e não chorar mais...

A verdade é que hoje, passado um ano, continuo a chorar por estar longe dos que amo.

Felizmente a nível de estudos este ano foi óptimo. Fiz a tese de mestrado com 18, estou a trabalhar numa estação de televisão de topo há 6 meses, e há novos projectos a aparecer.
A nível pessoal, apesar de me destruir por dentro quando penso nas saudades, ajudou a conhecer-me.. ajudou a perceber o quão forte eu conseguia ser, e ensinou-me a lidar com várias situações que nunca pensei ser possível.

Também já passo a ferro, coisa que detestava e evitava sempre. E para além disso, estou uma autêntica dona de casa. Só me falta é a casa mesmo.

A verdade é que as saudades não passam e só aumentam, mas tenho aprendido a dar-lhes valor, e a perceber como as controlar.
As lágrimas caem à mesma, e com a mesma intensidade, mas felizmente amanhã já não tenho papos vermelhos, porque a duração é menor. É apenas um choro de desabado.

Posso garantir-vos que hoje sinto-me realizada!
E ainda que tenho apenas uma certeza na vida... NÃO QUERO FICAR SOZINHA NUNCA!

Tenho medo da solidão. Muito medo. Para além do medo do escuro. Não consigo perceber qual é pior...
Pois ambos me lembram coisas más, tristes, e impensáveis!